Moradores
de Mesquita estão convivendo com o medo por conta dos últimos
acontecimentos na cidade. A paz do mesquitense terminou na noite do dia 15
de janeiro, quando um grupo de milicianos participou do ataque ao
traficante Serrinha, da comunidade da Chatuba. A Polícia Militar ocupa, por
tempo indeterminado, quatro comunidades do município.
O reforço foi efetuado após dois confrontos entre milicianos e traficantes nas últimas três semanas. Segundo a
PM, enquanto bandidos de uma facção do Rio tentam formar um complexo do
tráfico na Chatuba, no Alto Uruguai, na Coréia e no Morro da Caixa d' Água
(limite com Nova Iguaçu), grupos de milicianos tentam impedir o esquema.
A onda de boatos de confrontos em plena luz do dia e da invasão de bandidos
da Zona Norte do Rio às comunidades da cidade que surge devido a essas
ocorrências está afetando o comércio na região. Segundo lojistas, o
movimento tem enfraquecido a cada dia e os falsos rumores só prejudicam
mais a recuperação do lucro. “Os moradores estão com medo de sair de casa,
estamos vendo muita coisa pela internet e isso só nos apavora mais”, disse
a lojista M.V, de Edson Passos.
Na Coréia a apreensão é ainda maior. Moradores e comerciantes temem a
invasão na comunidade por bandidos do morro do Chapadão, em Costa Barros,
Zona Norte do Rio. “Temos muito medo de que bandidos do Chapadão venham
para cá. São informações que tenho acompanhado com apreensão nas redes
sociais. Os que são daqui já desrespeitam a gente. Imagina os que vêm de
fora?”, questionou uma moradora que não quis se identificar.
Os ataques, em Edson Passos e no Alto Uruguai, deixaram um morto e nove
feridos. No último confronto, domingo (25), instigou a disputa entre as
quadrilhas. No dia, Alessandro da Silva, miliciano conhecido como Barriga, foi
executado por pelo menos 10 homens fortemente armados, no bairro Alto
Uruguai.
Número de denúncias aumentou, diz PM
Segundo a Polícia Militar, desde domingo muitas denuncias têm chegado ao
batalhão. Todas informando que bandidos de fora tentam ocupar as quatro
comunidades. Por conta disso, os policiais permanecem 24 horas nas
comunidades. A base da ocupação está na Rua Caimiri, local do ataque onde
quatro pessoas ficaram feridas.
Na manhã de quinta-feira (29), o comandante do 20º BPM, tenente-coronel Marcus
Vinicius dos Santos Amaral, fez um mapeamento da região. Moradores, casas
abandonadas e veículos, foram revistados, mas ninguém foi preso. Além
disso, policiais identificaram pontos de observação e de fuga no local.
A polícia também anunciou o balanço de apreensões realizadas pelo Terceiro
Comando de Policiamento de Área (3ª CPA) durante os 26 dias de janeiro. “Na
área geral do 3º CPA foram apreendidos seis fuzis, nove espingardas, uma
escopeta, 32 revólveres, 58 pistolas, uma submetralhadora, 28 granadas e 29
simulacro de arma de fogo (armas de brinquedo semelhantes às reais),
divulgou o comandante da 3º CPA, Marco Aurélio. Ele também revelou o número
de prisões e recuperação de veículos. “Até o dia 26, foram realizadas 342
prisões, 102 menores apreendidos, 1082 motos apreendidas, 72 motos
recuperadas, 138 carros apreendidos e recuperados 122 carros.”
Pelos muros das comunidades é possível ver pichações como expressando
saudades de traficantes mortos em confronto e ameaças como "Bala no
20", uma referência ao 20º Batalhão de Mesquita, e "Vai morrer
milícia". Durante a realização da reportagem, nenhum carro da polícia
foi avistado.
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