RIO - O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi acusado de ter montado um esquema de recebimento de propina de empresas contratadas por Nova Iguaçu, quando ele foi prefeito do município, entre 2005 e 2010. Reportagem publicada neste sábado pela revista "Época" fez um levantamento a partir de documentos obtidos com o PMDB que fazem parte de um inquérito a que o senador petista responde no Supremo Tribunal Federal (STF).
O PMDB é contrário à pré-candidatura do senador ao governo do Rio em 2014 e defende o nome do vice-governador Luiz Fernando Pezão. As trocas de farpas entre as duas pré-campanhas ficaram mais intensas nos últimos meses, e, a partir de agora, incluem a divulgação de dossiês. Segundo a "Época", o inquérito a que Lindbergh responde no STF contém acusações de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, todas relativas ao período em que o petista foi prefeito de Nova Iguaçu.
A investigação é baseada em dois depoimentos prestados em 2007 ao Ministério Público Estadual. Segundo a denúncia, logo no início do mandato, em 2005, Lindbergh montou um esquema de captação de propina entre empresas contratadas pela prefeitura. Os valores chegariam a até R$ 500 mil por contrato. Os recursos eram usados, segundo a acusação, para quitar despesas pessoas do então prefeito, inclusive prestações de um apartamento da mãe dele, Ana Maria, em Brasília.
Outra acusação atinge Carlos Frederico Farias, irmão de Lindbergh. A empresa Bougainville Urbanismo, de sua propriedade, teria recebido R$ 250 mil do esquema.
O Tribunal de Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilos do senador, inclusive de cartão de crédito e aplicações financeiras. A revista informa que obteve cópias de duas decisões que determinaram quebra de sigilo. Segundo a "Época", o desembargador Alexandre Varella considerou que os extratos sustentam as acusações. Varella ainda disse que o pedido do MP também foi baseado em depoimentos de outras testemunhas que teriam confirmado detalhes do esquema. A reportagem ainda cita denúncias contra empresas contratadas por Nova Iguaçu, como a 7R Comércio de Materiais de Escritório, que receberia pagamentos, mas não entregaria mercadorias. Os contratos chegariam a R$ 1,1 milhão.
À "Época", o senador disse que não se intimidará com o dossiê e que será candidato "com tudo aberto". Em referência indireta à casa que o governador Sérgio Cabral tem em Angra dos Reis, o senador disse não ter "mansão incompatível" com seus rendimentos. Para o petista, a "devassa" feita em sua vida não terá resultado: "Não vai aparecer nada", disse à revista. Sobre a quebra de sigilo, o senador disse que foi "uma violência, covardia".
Advogados do petista negaram à reportagem qualquer esquema de corrupção e afirmam que a empresa 7R prestou todos os serviços contratados. Segundo eles, o apartamento em Brasília citado foi da mãe do senador, mas, na época dos pagamentos citados, a propriedade pertencia a Francisco José de Souza, então secretário de Finanças de Nova Iguaçu.
Carlos Frederico, irmão de Lindbergh, disse que a Bouganinville jamais recebeu dinheiro público. Ele classificou a acusação como mentirosa e disse que nunca teve relação com a prefeitura de Nova Iguaçu.
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