IDEÁRIO NINJA 1
3'04: "Falei pra ele ir embora, que ia dar confusão. Ele não quis (...). Arriscando a vida por alguma matéria. É foda. Garoto novo, garoto novo, quer ganhar espaço na mídia, tá fazendo essa parada. Quer dar espaço para materiazinha boa, quer ganhar dinheiro, fazer nome na mídia tradicional. Não pode".
Essa sucessão de asneiras foi dita por um sujeito da Mídia Ninja. Isto, ao testemunhar a agressão
ao repórter Júlio Molica (sim, é meu filho), ontem, durante a manifestação
ocorrida no Centro do Rio. As frases revelam uma espécie de ideário dos ninjas
e de seus cúmplices que não têm coragem de mostrar o rosto, os integrantes do
tal movimento Black Bloc.
Vejamos: os caras não querem
simplesmente ocupar as ruas. Querem que o espaço público seja apenas deles.
Consideram-se, portanto, mais cidadãos do que outros. O repórter da GN não
estava cobrindo uma manifestação em ambiente fechado, estava na rua. Mas, para
os MN-BB, ele não poderia estar ali. Mais, assumem que estar ali - trabalhando
- representava um risco de vida. Um risco de vida, repito.
As palavras do ninja poderiam ter
sido ditas pelos traficantes que assassinaram o Tim Lopes, pelos milicianos
que, há cinco anos, torturaram uma equipe de O DIA no Batan ou por militares da
época da ditadura incomodados com alguma apuração: "Arriscando a vida por
alguma matéria", "Quer ganhar espaço na mídia", "Quer
ganhar dinheiro", "Não pode".
O que não pode, é que vocês. MN-BB,
tenham o direito de definir quem pode ou quem não pode estar na rua, quem pode
ou quem não pode cobrir uma manifestação que ocorre em espaço público. O que não
pode é que vocês tentem impor apenas uma versão dos fatos. Quem diz defender o
pluralismo e, por conta disso, condena TVs e jornais, não pode temer outras
visões. Esta atitude revela o quanto vocês, que dizem combater o autoritarismo,
são autoritários, ditatoriais e antidemocráticos.
Vocês comportam-se como o que são:
meninos mimados e violentos que não suportam o contraditório, que não admitem
ser contrariados. Reclamam - com razão - da violência policial, mas não aceitam
ser confrontados com a violência que provocam. Rejeitam ser classificados de
vândalos mesmo diante do vandalismo que, muitas vezes, provocam. Contestam o
rótulo de fascistas mesmo quando reproduzem o comportamento que marcou a
atuação de militantes de grupos de extrema direita. Não pode.
Nenhum comentário:
Postar um comentário