segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Que pena!

Texto do Acker que fazia o programa junto com Luiz Antonio Bap.



Programa Boca Livre: foi muito bom enquanto durou


26/09/2013

Reproduzo, a seguir, o texto de encerramento do Programa radiofônico BOCA LIVRE, do qual tive a honra de ser um dos idealizadores e apresentadores durante mais de 17 anos, primeiro na Rádio Bandeirantes e depois, na Rádio Tropical do Rio.

Amigos ouvintes,
Depois de 17 anos no ar o Programa Boca Livre chega ao fim, nesta quinta-feira, 26 de setembro de 2013. É triste reconhecer isso, mas a máxima da evolução das espécies também cabe para nós: as coisas nascem, crescem, se desenvolvem e morrem.
Durante algum tempo vai ser muito chato para nós, da equipe do Programa, saber que neste horário, de 13h às 14h, quando normalmente estaríamos com vocês, já não vamos mais entrar em suas casas e locais de trabalho, pelo velho e bom rádio de cabeceira, o radinho de pilha ou pela internet.
Para nós foi mais do que um projeto profissional, até porque, se dependêssemos do que o Programa nos rendia financeiramente já teríamos abandonado o Boca Livre.
Nestes anos de convívio com vocês, desde o tempo da Bandeirantes até estes sete anos aqui na Tropical, só procuramos fazer jornalismo, de maneira adequada ao que pediam o formato e o horário do Programa.
A carência de recursos e de pessoal nunca nos impediu de fazer um programa valente, antenado com as principais questões em discussão no Brasil e no Mundo. A informação, o debate e a polêmica, principalmente nos últimos anos, se tornaram marcas do Boca Livre. E foi isso que nos conferiu o respeito de muitos colegas e a credibilidade da sua audiência.
O que hoje alguns apresentadores e analistas de rádio fazem com entusiasmo – criticando de forma aberta os governantes, cobrando coerência das autoridades, mostrando as contradições que gritam na nossa sociedade – foi o que nos motivou a lançar o Boca Livre há dezessete anos atrás. Quando começamos éramos considerados ousados demais.
Os motivos que nos levam a encerrar o Programa são dois: o primeiro e básico é a absoluta falta de condições financeiras para cobrir as despesas com o horário e a equipe; o segundo, é a convicção de que as coisas têm seu tempo e seria necessário repensar o formato e o espaço do nosso Boca Livre, adequando-o às exigências de uma nova realidade.
Ao longo de todos esses anos fizemos e alimentamos uma legião de amigos e colaboradores. Não cabe aqui citar um a um, porque são tantos que poderíamos cometer injustiças. Mas temos a convicção de que o que nos moveu durante todo este tempo foi a grande legião de ouvintes que colecionamos.
O que sempre nos moveu ao longo de todos estes anos foi a necessidade de um jornalismo direto, sem rodeios, independente. Cada entrevista que colocamos no ar, cada convidado que trouxemos ao estúdio, cada polêmica apaixonada que alimentamos tiveram por objetivo provocar o debate, o choque de idéias, para que vocês, ouvintes, pudessem formar – por sua conta e vontade – suas opiniões próprias.
Assim também ajudamos a formar novos profissionais. Muitas de nossas estagiárias hoje são colegas, atuando com desenvoltura nas mais diversas áreas do jornalismo.
É uma pena que este ciclo se feche justamente quando mais a sociedade brasileira clama pela democratização dos meios de comunicação, quando todas as máscaras caíram, principalmente a da chamada “grande mídia” e seu formato pasteurizado e elitista.
Infelizmente aqueles que poderiam ou deveriam apostar numa mídia democrática, estão mais preocupados com a missão mesquinha de assegurar suas posições e pequenos espaços.
Certamente outras portas e microfones se abrirão para nós, como profissionais, e para vocês também, como ouvintes. Tenham certeza que, por onde passarmos e aonde nos encontrarmos, a marca desta experiência será sempre uma referência presente.
Nos despedimos por aqui, com a certeza de que fizemos o melhor, dentro do que estava ao nosso alcance, como profissionais que somos do jornalismo e do Rádio. A todos os ouvintes e amigos do Programa Boca Livre nosso eterno abraço e gratidão.
Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2013.

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